quarta-feira, 22 de julho de 2009

VICTÓRIA: QUE OUTRO NOME PODERIA SER-LHE DADO?

Não sabia bem como começar esse relato. Não queria falar apenas de abandono simplesmente, porque os olhos da Victória sugerem amor. Sentia enormes saudades, quando a encontrei, o que reforça a minha crença de que não existe o acaso. Victorinha foi encontrada em frente ao Hospital São Francisco,aquele mesmo,que falava e ouvia os animais,que entendia seu silêncio. Tinha sintomas que eu desconhecia. De repente, várias pessoas, por um segundo, notavam a sua existência. Ela que já estava ali, não se sabe há quanto tempo, com os mesmos olhos de carinho, com os mesmos olhos de perdão.

Descobriu-se depois que tinha Cinomose e que o avançar da doença atingira seu sistema nervoso central. Então, duas opções estavam-me colocadas: não tratá-la, seria optar pela solução mais simples: sacrificá-la. Ou virar-lhe as costas, esquecer. Naquela manhã eu seria mais um daqueles que apenas cuidam das suas vidas, que levantam, são cordiais ao dar bom dia, discutem o noticiário com ar de indignação, repetem discursos tantas vezes repetidos e sentem-se melhores por isso, e no fim do dia, acham que estar ali, ao lado da sua família, é o bastante.

Essa opção, significava deixá-la na rua, mergulhada novamente no seu silêncio, esperando um tempo que lhe seria, por certo, implacavelmente curto. Felizmente, ao encontrar Victória, mesmo que por um momento, minha alma foi despida. Não poderia esquecê-la, precisava decifrar o seu silêncio, ou apenas conviver com ele. Talvez ali, tenha me descoberto, de forma despretenciosa, uma protetora.

Victória mudou a minha vida. Não de forma heróica, revelada, mas de forma silenciosa e calma. Graças a ela, vivo alegrias e temores, mas todos os dias, posso sentir esperança.


Victória é uma vira-lata encontrada na rua; tratada de Cinomose pelo Dr. Henrique, hoje, é acompanhada por ele e pela Dra. Tarcila. Ela é hiper feliz, tem um lar, irmã, tias, primas, madrinhas. Virou mascote da APROV, numa doce homenagem do protetor Tiago. O que tem mais lindo nela, seus olhos: “olhos de carinho e de perdão”.

Christiane Luci

quarta-feira, 1 de julho de 2009

UM REI CHAMADO DAVID





O nome dele: David. Uma homenagem ao rei bíblico que derrotou o gigante Golias. Mas o nosso David não é gente. Ele é um cão com seus poucos anos. Idade incerta. Raça indefinida. Talvez, por isso, sua curta vida tenha sido pelas ruas. Abandonado e exposto à crueldade humana. Crueldade retratada por maus-tratos. Crueldade fria da falta de solidariedade. Da indiferença.

Quando conhecemos David – há cerca de um mês – ele trazia no rosto a marca da violência que, infelizmente, diversos animais sofrem todos os dias. Entre seus olhos, a chaga aberta. E na ferida, vermes se fartavam em banquete. A bicheira (ferida que serve de morada para tapurus, nome popular para vermes) que se alargava em sua testa, diminuía também seu tempo de vida...

Tarde de quinta, 25 de junho. Golias vence nosso David. Uma batalha perdida de uma guerra necessária: combater a violência contra animais. Perdemos David, mas dele ganhamos olhares que, embora tristes, transbordavam o carinho da gratidão por dias de cuidado. Com David, ganhamos a certeza de que é preciso continuar. Encontrar outros Davids e ajudá-los a derrotar Golias.

"Ei, sou eu David, soube que minha protetora Gertrudes sempre chora quando fala em mim; que a Chris, A Jane, a Tó, enfim, todos que me conheceram e outros também estão tristes. Mas não chorem, não estou aí, mas espero que a história contada, lida, falada, ajude a salvar muitas outras vidas. Não fiquem mal com minhas fotos, espero também que por aqui não apareçam histórias como essas...e lembrem-se, vocês me deram dignidade, aliviaram minha dor, fizeram-me sentir que sou importante. A Karlinha, que veio lá de Salvador e quando nos conheceu se tornou protetora, deu-me nome de Rei, Rei David. E continuarei assim, rei em vossos corações...e na vossa luta"



* David era um vira-lata encontrado pela protetora Gertrudes (Aprov), em uma das ruas do Crato, cidade do Ceará. Ele tinha uma ferida na testa – supostamente causada por uma pedrada – contaminada por vermes. Durante quase um mês ele foi tratado pelo médico veterinário Dr. Henrique(Aprov) e acompanhado por outros integrantes da entidade (Chris, Janinha, Antonia e Fátima). Apesar de a bicheira ter sido combatida, David estava muito debilitado e não resistiu às infecções. Faleceu na tarde do dia 25 de junho de 2009.

SOU RAJ E QUERO CONTAR A MINHA HISTÓRIA




Olá, chamo-me Raj, nome colocado pela protetora Tó. Gostei desse nome, porque me dizeram que é o nome de um galã de novela e já nem lembro se já tive um nome antes. Vivi em um lar, achando que aquela família me queria, mas demorei a ver que tinha sido uma ilusão. Como muitos, todos me queriam quando era um bebê e quando me tornei esse gatão lindo e saudável resolveram me desprezar e abandonar. Daí apareceu uma tal de APROV e uma protetora que me amou a primeira vista. Depois de algumas rejeições, não é que ela conseguiu uma outra família! Acho que agora encontrei uma família de verdade, nasci com sorte, ganhei conforto, liberdade, alimento e principalmente, amor. Por isso, vim aqui contar minha história e lembrar que como eu, tantos outros focinhos precisam de um lar verdadeiro e digno. Pode olhar e admirar minha nova família, aí na foto. Carinhos e lambidas a todos e contem minha história por aí, quem seja descobrimos novos protetores.